quarta-feira, 23 de novembro de 2011

0102 [Perg/Resp] Estou injustamente pressionado por minha orientadora

Ainda tenho 6 meses e ela quer que termine já!
Consegui um estágio universitário remunerado. Minha orientadora é uma das melhores da área e eu posso ajudar minha mãe nas despesas com a bolsa, etc. O projeto dos outros nada têm a ver com o meu e me sentia um patinho feio, mas sempre foram legais comigo. Percebi que minha orientadora não gosta do projeto que ela mesma fez e agora quer que eu o termine dentro de um mês sendo que o no cronograma tem mais seis meses, quando apresentarei a monografia. Ela me diferencia dos demais e além de tudo preciso da grana pra me formar e ajudar minha mãe.
Mauro.

Sua questão não seria de cunho administrativo? Ou sua orientadora tem autonomia e não está subordinada a essas instâncias para tomar essa decisão? Se for esse o caso é lá que deveria pleitear o prazo previamente estipulado. O cronograma lhe confere esse direito. Mas parece que mais coisas atravessam a questão, entre elas o desestímulo de sua orientadora, se é que suas impressões estão certas.
Ao começar dizendo que se sentia ‘patinho feio’ pelo projeto ser diferente de alguma forma denuncia um sentimento seu. Entendo que ele ganha em importância por esse fato e não o seu contrário. Mas isso o predispõe a enxergar as coisas talvez distorcidamente.
Fatores financeiros, acadêmicos e pessoais acabam ganhando uma importância maior em sua queixa, e o que em princípio parecia ser de solução racional fica atravessado por suas emoções.
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terça-feira, 22 de novembro de 2011

0101 [Artigo] O Significado do Corpo (IV)


O Significado do Corpo (IV)

A beleza é secundária no trabalho
A mudança social de 40 anos para cá representou entre outras coisas a entrada da mulher no mercado de trabalho e nele ser amado não é o principal. Conciliar a beleza com competência e competitividade para disputar com quem já domina secularmente esse mercado tem sido um dos desafios da mulher. Talvez um dos maiores seja não privilegiar o ser amada para poder ser mais competitiva.
Mas no artigo ‘deusas do sexo’ (facilmente encontrado na internet), Arnaldo Jabor retrata um universo de mulheres que deve ser excluído desse entendimento. São símbolos sexuais, ícones nacionais fartamente dotadas de poder sexual – e conseqüente dificuldade de encontrar namorado – pois fizeram de seu corpo um produto de consumo televisivo, fotográfico, de passarelas. Põe-se ao consumo da beleza descartável. Em muitos casos o corpo como objeto de desejo do homem se traduz em narcisismo, umas das vertentes dessa supervalorização física.
Freud dizia que o investimento do homem quanto ao falo é focado no pênis e um grande temor de sua perda, o que o leva a desenvolver defesas imaginárias no nível do pensamento. Correlatamente a mulher se percebe com um corpo inteiro, seu falo real, já que desprovida do membro masculino, o temor de sua perda também inexiste, assumindo uma posição de objeto de desejo deste.
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0101 [Perg/Resp] É possível amar sem confiar?


É amor ou interesse?
Moro no exterior e comecei namorar on-line, mas somos da mesma cidade. Ele sempre disse confiar cegamente em mim. Em breve irei ao Brasil conhecê-lo e rever família e amigos. Não sei como, mas há dois meses ele invadiu minha caixa de e-mails e leu um e-mail meu para um ex-namorado, escrito antes de conhecê-lo. Imprimiu-o e foi até a casa de meus pais (super conservadores) me pedir em namoro. Depois terminou comigo e mostrou-lhes o e-mail.
É possível amar sem confiar? Ou ele só está querendo vir morar fora? Até que ponto vai nossa privacidade? Pediu-me para não usar mais o computador e estou me afastando de amigos brasileiros que conversava por MSN.
Kátia.

A pergunta “é possível amar sem confiar?” aponta para quem, você ou ele? Pois apesar do contexto direcionar a falta de confiança a ele, após todas as atitudes invasivas nada mais esperado que surja uma desconfiança sua. Essa pergunta parece evidenciar um questionamento a esse respeito. Até um suposto interesse dele em morar no exterior foi levantado como possível, e o é de fato.
Algumas coisas chamam a atenção: ele rompeu e pede para não usar o computador. Que tipo de compromisso ainda existe? A questão da privacidade foi levantada por ela ter sido violada de diversas formas e consentidamente, já que responde a ele como namorada atendendo seu pedido. Com os sentimentos confusos não tem o discernimento que necessita.
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

0100 [Artigo] O Significado do Corpo (III)

O Significado do Corpo (III)


O corpo no homem tem significado diferente de na mulher
Já falei do temor à castração na constituição do corpo masculino. Tal temor o perseguirá por toda a vida promovendo ações defensivas ou de contra-ataque ao recalque com sintomas que caracterizam a obsessão. Nos filmes ‘Melhor Impossível’ e ‘Uma Linda Mulher’ vê-se claramente como se dá o encontro com o outro sexo.
Lacan diz que ‘a mulher é a melhor analista quando não é louca’. De fato põe em xeque e derruba as certezas do obsessivo (muito frequente nos homens) com seu jeito enigmático de ser.
A mulher não se marca pela identificação. Não se podem agregar as mulheres em um grupo e se referir a elas. Isso levou Lacan ao aforismo ‘a mulher não existe’. O coletivo é possível aos homens, e isso faz muita diferença para a construção da representação do corpo fálico no masculino e no feminino.
Na histeria – predominantemente feminina – a tentativa de recuperar ou reparar essa perda (recalque) muitas vezes se dá pela demanda de amor. Freud (1933) já havia dito que essa demanda na mulher é muito maior quando comparada ao homem. Embora a sociedade tenha sofrido profundas mudanças, isso ainda é muito evidente quando a mulher ocupa a posição de objeto de desejo do outro. E muitas vezes tal demanda se expressa projetivamente, como acontece quando a mulher dirige e demanda de seu cônjuge a mesma carga de afeto que deseja receber. Amamos, pois desejamos ser amados.
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0100 [Perg/Resp] Ela se fecha quando a elogio!?!


Minha noiva é muito sensível. Quando puxo assunto ela não dá continuidade. Para ela descontrair um pouco brinco, por exemplo, sobre a fisionomia dela porque acho ‘bunitinha’ e engraçadinha, mas ela pensa que estou zoando. Então se fecha e não fala por que e quer que eu adivinhe! Se eu não souber por que se ofendeu, vixi! Vinga-se fazendo alguma coisa que não gosto (terrível). Isso é normal? A gente vai dar certo?
Carlos.

Ela se zanga quando brinco com ela
Começando pelo fim, ninguém tem competência suficiente para dizer se vai ou não dar certo. Impossível isso.
Bem, ficou claro no relato que sua estratégia para descontraí-la não funciona. O momento que brinca elogiando-a faz a diferença, pois é justamente quando ela não quer conversa. Sinaliza que quer distância, e você deveria considerar isso. É provável que ela entenda esses elogios como imposição a interagir, o que pode estar reforçando ainda mais seu fechamento.
O mistério da mulher sempre assombrou o homem que se incomoda se não consegue fechar algum sentido pela razão, motivo que às vezes leva uma mulher a não expressar sentimentos em palavras. Esse enigma é o desafio que ela lhe lança ao lhe dar o silêncio e exigir que saiba o que vive em emoções. Mas nada disso é feito premeditadamente, logo não existem culpados. São traços de estrutura que podem inclusive serem expressos em homens.
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terça-feira, 4 de outubro de 2011

0099 [Artigo] O Significado do Corpo (II)


O SIGNIFICADO DO CORPO (II)

O corpo do homem é seu pensamento
O corpo masculino se constitui diferentemente do feminino. Não me refiro à sua anatomia, mas especialmente em seu significado. O corpo do obsessivo abstrai-se em seu pensamento, intelecto; a histérica tem no corpo físico o representante fálico. Seu falo é o corpo como um todo. Essa dicotomia é indicativa de muitas divergências entre os gêneros. 
Uma de suas evidências é o caráter exclusivo no feminino. Não se compara uma mulher à outra. “Você é linda como a Ana Paula Arósio” seria imperdoável. No entanto, os homens até se agradam com elogios comparativos: “Esse rapaz é um Einstein” é um elogio e tanto.
O pensamento do obsessivo é o que sustenta seu narcisismo. As crises conjugais refletem bem isso. Ele calcula, reflete, pensa no que deu errado, já que tudo fora milimetricamente planejado. Por quê? Onde está o erro? A auto-reflexão é, muitas vezes, a base do narcisismo. 
Nos primórdios da infância o obsessivo teme a castração por entender, de alguma forma, o caráter incestuoso de seu desejo edípico. Esse temor o conduz a sucessivos cálculos para reduzir a angústia emergente. Isso se perpetua por toda sua vida. De forma oposta, sendo castrada em sua natureza, a mulher tem no corpo o seu falo. Não teme a perda de um membro, mas se sabe constituída por uma falta. É a percepção da falta que faz da mulher muitas vezes um ser voraz, insaciável, nunca satisfeito.
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0099 [Perg/Resp] Oscilo o humor e brigo com o namorado


Será que sou bipolar?
Há pouco mais de um ano fui ao psiquiatra com uma crise aguda de ansiedade, com fortes dores e ele diagnosticou stress pelo trabalho (RH) ou relacionamento (eu sempre me estressava com ele). Oscilo muito o humor. Ou choro com um filme/música, ou fico agressiva (família, namorado). Ontem estávamos bem. Por três vezes comecei a brigar e depois queria fazer as pazes. Isso é transtorno bipolar? Devo voltar ao psiquiatra? Passo de chorosa a desejar a morte. Até com minha mãe eu brigo à toa. Não sei nem com quem procuro ajuda.
Leila

Quando esteve no psiquiatra seu humor já oscilava ou isso começou depois? Apesar de essa oscilação ser característica do quadro bipolar, isso não o define. Seria necessária maior investigação psiquiátrica. Mas é preciso destacar alguns pontos.
Quadros psicossomáticos eclodem no organismo com sintomas até como os descritos, mas tem sua origem no psíquico. Da primeira vez que esteve no psiquiatra os sintomas eram de caráter emocional. Ansiedade aguda e stress implicam em emoção. Agora é o humor oscilando. Isso pode ser suspeita de quadro psiquiátrico, mas é necessário se olhar para além do sintoma. Olhar o mal-estar implica olhar a quem dele se queixa. A linguagem é a via pela qual isso se dá, e por ela o psicanalista atua. Implicar-se em sua queixa é seu primeiro passo, afinal você é parte dela e não externa a ela.
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

[Extra] O Mito no Homem - Rock in Rio (I)

O Mito no Homem (I)

É inacreditável a força dos mitos. Celebridades têm suas vidas dissecadas pela mídia, o menor fato que lhes acontecem é supervalorizado como manchete muitas vezes de forma sensacionalista. Isso em troca de audiência que se reverte em capital.
Na madrugada de domingo (25) o site uol publicou “Baterista do Red Hot Chili Peppers se fere no lábio enquanto se apresentava com a banda”. Imediatamente fui ver a notícia e vi três fotos, a maior com sangue escorrendo em seu lábio inferior. Não era nada demais, mas imediatamente refleti sobre o assunto.
Com tanta violência cotidiana, pessoas assassinadas inocentemente, morrendo de fome e frio, a notícia me fez lembrar José Serra que em plena campanha eleitoral uma bolinha de papel o colocou no foco das atenções. Hospital, tomografia, urgência, e foi parar nos trending topics do twitter. E como a mídia explorou o assunto! Celebridades são mitos, seres imaginados num lugar onde não se imagina que humanos possam estar, inatingíveis.
O sensacionalismo é sobre a desgraça, a tragédia. A própria notícia termina com “O show não chegou a ser interrompido – e Chad (o baterista) parecia tranqüilo durante o restante da apresentação”. Sou capaz de teorizar que ele sequer sentiu algo durante a apresentação, mas Rock in Rio é o assunto do momento e o músico é internacional, um prato cheio para esse tipo de jornalismo.
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

0098 [Artigo] O Significado do Corpo (I)


O SIGNIFICADO DO CORPO (I)
A mídia associa corpos a produtos

O corpo feminino sempre foi valorizado em nossa cultura, mas nunca tão explorado como objeto de consumo. Valendo-se do apelo sexual, a mídia o associa ao produto anunciado. Para Berenice Bento, doutora em sociologia e pesquisadora da Universidade de Brasília “não há sutileza, as mulheres estão ali para serem consumidas. Os anúncios revelam que a mulher é algo para servir ao homem e mostram como estamos longe de uma sociedade com eqüidade de gêneros”.
Esse tipo de apelo na verdade acompanha uma ideologia que permeia a civilização. Os meninos desde pequenos são valorizados pela sua inteligência: ‘que garoto inteligente’ é comum de se ouvir. As meninas aprendem que é a estética física que conta: ‘que menina linda é você’ seria o correlato. Nessa esteira a mídia vai de carona e reforça essa representação em nosso universo simbólico. 
Porém o Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) abriu três processos éticos que analisam a campanha de lançamento da cerveja ‘Devassa Bem Loura’ cuja garota propaganda é a Paris Hilton. Uma denúncia de consumidor levou à investigação de 'utilização de apelos à sexualidade e desrespeito moral às mulheres'. O segundo investiga o estimulo do abuso excessivo do álcool, mas o terceiro foi aberto pela Secretaria Nacional dos Direitos da Mulher. O site do produto não deixa dúvidas quanto aos motivos.
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0098 [Perg/Resp] Declarei minha paixão e o perdi de vez


Confessei a paixão e ele ficou com ela
Envolvi-me com um colega de trabalho que namora. Confessei minha paixão e empolgado me pediu paciência para resolver sua situação com a namorada. Só que fez o contrário e, certo de meu sentimento, ficou com ela. Sempre fala dela no trabalho, mas morre de ciúme de mim, embora não admita e até fica áspero, inclusive falei que estou namorando. Estou com depressão e à base de calmantes. Era um ótimo funcionário da empresa e se dizia meu amigo, mas mudou da água para o vinho. Acho que seu interesse era financeiro.

Em matéria de sentimentos fica difícil achar explicações. Uma análise imparcial deve considerar que o ser humano não é por natureza um ser monogâmico. Se assim fosse não seriam necessárias leis que barram a poligamia. Vendo por esse lado nada impede que ele tenha se envolvido e até mesmo desejado dar continuidade, mas outros fatores entraram em questão, e entre dizer e fazer algo há uma enorme distância.
A paixão nos deixa inconseqüentes e só depois vemos as loucuras que fizemos para sorver do momento seu máximo deleite, mas as conseqüências são inevitáveis. Ao se lançar nessa aventura assumiu os riscos, pois desde o início sabia de um compromisso anterior. Embora ele tenha assumido uma decisão, em um momento mais pé no chão sua razão agiu.
O que fica claro é que coloca o problema como externo a si, sem qualquer implicação sua, se vitimizando. O desejo tem um preço a ser pago.
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terça-feira, 6 de setembro de 2011

0097 [Artigo] Sexo no Relacionamento (VII)


O SEXO NO RELACIONAMENTO (VII)

Blogs descrevem intimidades sexuais
Eu já havia encerrado essa série quando um fato se deu: conectado pelo MSN uma amiga (20 anos) entra e observo uma chamada para seu blog ‘a arte do sexo’. Expunha ela, com riqueza de detalhes, fantasias sexuais realizadas envolvendo o namorado e uma amiga. Curioso com um relato que li conversei (teclei) por alguns minutos on-line quando me disse ter descoberto sua atração por mulheres e se apresente a mim como bissexual, embora o namorado aceite.
Paralelamente a isso eu conversava com D., (50 anos) amiga de MSN por muitos anos. Também leu o blog passado por mim e assim como eu se surpreendeu com a naturalidade com que as cenas eram descritas. Então me ocorreu a idéia de colocá-las na mesma sala de MSN para uma conversa em três, mas D. se recusou terminantemente. Temos uma ótima amizade virtual, mas minha proposta foi precisamente provocar no imaginário, a fantasia do encontro entre duas mulheres e um homem pelo MSN para um simples papo. Sem chances! (risos).
Voltando ao blog o que se pensa ser o mais íntimo entre duas pessoas, (no caso eram três), foi exposto. Com a globalização vivemos a sociedade da exposição, obscena. BBB, reality shows, blogs, perfis de sites expõe o íntimo ao público (não só o sexual é íntimo), caracterizando o obsceno. Obscenidade pela etimologia é ver além da cena, e além dela não há o que ser visto, sendo obscena sua exposição.
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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

0097 [Perg/Resp] Saí de casa por meu namorado; agora brigamos


Depois de sair de casa por ele brigamos!
Há dois anos e meios eu namorava um negro, mas meu pai não aceitava. Com seu apoio fui morar sozinha, mas ele começou a sair com amigos todo final de semana e esquecia nossos compromissos. Rompi quando uma mensagem comprometedora para uma “amiga” caiu no meu celular. Tentei reatar, mas disse que quer curtir e que está cheio de mim. Saí de casa por ele e ele me deixou. Está impaciente e ignorante comigo. Mas eu o amo muito e construí tudo sozinha na esperança dele voltar. Não estou comendo direito, estou até desmaiando. Ele não me procura, estou ficando louca!
Jéssica.

Ele te procurar só cabe a ele. Enquanto não sentir que lhe perdeu estará com o controle da situação.
Mas quem deixou quem? Em seu relato é você quem rompe por conta da mensagem no celular. De cabeça fria repensou, mas a decisão foi sua assim como suas conseqüências. Mas inverte dizendo que ele a deixou, ainda que sua atitude o tenha favorecido já que se diz ‘cheio de você’.
A decisão de criar seu próprio espaço tem de ser assumida como desejo seu, por mais que a questão racial seja um álibi para escamoteá-lo. Você é parte de sua queixa assim como exclusivamente responsável por sua felicidade. Por mais que queira tomar outra postura, é só se responsabilizando que poderá alcançar sua liberdade interior.
Depositarmos nossa felicidade em alguém é decretarmos uma tragédia, sem saber quando ou como isso ocorrerá.
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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

0096 [Artigo] Sexo no Relacionamento (VI)


O SEXO NOS RELACIONAMENTOS (VI)

Capital e libido caminham juntos
Em uma sociedade que incentiva o consumo, modelos de moda nos são apresentados. Criam-se estereótipos, especialmente físicos, que servem como canais para se atingir seu objetivo: o lucro. Nesse movimento o sexo acaba muitas vezes subordinado ao capital. O fator econômico está tão intimamente ligado à sexualidade humana que se compõem em uma das principais queixas na clínica quanto a questões sexuais e amorosas.
A sexualidade é de tal forma complexa que todas as áreas de nossa vida podem atingi-la duramente, causando grande dor e sofrimento nas pessoas.
Freud dizia que o visual ganhou maior importância quando o homem se tornou bípede. Até então o olfato era predominante. Do homem das cavernas para os dias atuais a visão só ganhou força.
Na sociedade pós-industrial, tecnológica e cientificamente desenvolvida, artifícios estéticos como silicone, lipoaspiração, anabolizante, plásticas, e demais aparatos estão muitas vezes a serviço do culto ao corpo. A pergunta que surge é: o fisiculturismo tão apregoado por tantos não nos atrai pelo visual? Esse visual se presta ao amor ou ao sexo? Diz Exupèry: “O essencial é invisível aos olhos”. Se isso é verdade, buscamos o sexual através do não essencial e perdemos o melhor dele que é o amor, este sim invisível.
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0096 [Perg/Resp] Há 13 anos ele foge do casamento


Nem posso tocar no assunto que sai briga
Há 13 anos comecei um namoro e sempre idealizei uma vida de casada, mas ele nunca tocou no assunto mesmo pressionado. Só eu uso aliança de noivado comprada por mim. Depois de muita pressão começou a construir a casa. Mas ele foge do casamento como o diabo da cruz, só quer juntar, mas já falei que quero pelo menos de papel passado. Nem posso tocar no assunto que a gente briga e fico mal. Ele já tem 29 anos, poxa! E com medo de casar? Se isso continuar ainda vou acabar terminando.
Leila, 28.

Pelo relato o namoro começou quando você tinha 15 anos. É difícil acreditar que ele não sinta nada por você, e jogar fora tudo o que construíram parece um pouco precipitado. Tempo para uma decisão sem dúvidas já tiveram. Se nada ou quase nada se concretizou quanto ao seu sonho cabe alguma atitude que mude isso, mas acima de tudo assumir as responsabilidades decorrentes. Pressionar pode tornar complicar mais a situação e gerar sentimentos irreais em ambos. Se o diálogo não é possível, um basta é preciso ser dado.
Mas a questão da aliança me chamou muito a atenção. Ficou evidenciado que o desejo de se casar sempre foi exclusivamente seu. Comprou a aliança e se colocou como noiva sozinha. Não existe casamento de uma pessoa apenas! Você ignorou o quanto ele está distante de seu desejo. Acreditou que ele fosse mudar, mas não mudou. Sem uma atitude sua a inércia vai prevalecer.

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

0095 [Artigo] Sexo no relacionamento (V)


O SEXO NOS RELACIONAMENTOS (V)
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A sexualidade é um dos quatro
grandes dilemas humanos
A esfera sexual é cheia de mistérios. Para Freud a sexualidade está entre as quatro maiores dificuldades humanas, o que faz dela uma das principais queixas no consultórios A questão que se apresenta a nós profissionais quanto a essas queixas é redimensioná-las na sua complexidade para que as mesmas adquiram a proporção dada pelo paciente.
Diversos fatores invadem com força a esfera da sexualidade humana: questões de foro pessoal, profissional, financeiro, familiar, conjugal, são apenas alguns. Há uma falsa crença de que os profissionais ‘psi’ sejam como conselheiros. Essa é a ideologia médica que se tem na prescrição a solução de seu problema, sempre externo a si. Não é assim na psicanálise. Entendemos que há uma responsabilidade do paciente em sua queixa.
Ao apresentar a queixa ele invariavelmente se coloca externo a ela. Esse é um problema inicial para entrada em análise: se posicionar como parte da queixa, sem se excluir dela. Resistimos em abandonar nosso sintoma, o mesmo que nos leva ao tratamento. Paradoxal tanto quanto o ser humano.
Agora imagine como é complicado dizer ao paciente que ele é subjetivamente responsável por sua impotência ou frigidez! Quando se mexe no foco do problema em geral se ouve: “doutor, não estou reclamando disso, quero resolver aquilo”, sem imaginar que ali reside sua origem.
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0095 [Perg/Resp] Sinto revolta e mágoa de um ex


Amei de verdade e fui enganado
Sempre fui sincero e jamais humilhei ou joguei sujo com o sentimento das pessoas. Envolvi-me num relacionamento e pensei que, pelo menos enquanto durasse seria respeitoso e recíproco. Apaixonei-me, amei, me entreguei. Ainda sofro por me sentir usado e abusado. Jamais pensei que amar trouxesse tanta dor.
Hoje não sei se sinto raiva, revolta, mágoa ou desprezo por quem me causou tanto mal. Minha vontade é de olhar no olho e desabafar, perguntar por que fez isso comigo, mas ele não tem essa coragem. Ainda gosto dele, acredita?
Luiz, RO.

Não me ficou claro o que gerou o sentimento de ser ‘usado e abusado’. Talvez um amor dissimulado por parte de seu namorado? Que amor rima com dor todos sabem desde que começam a amar, mas o sentimento vivido é outro.
O que sente hoje você mesmo nomeia: Raiva, revolta, etc. co-existem dentro de você de uma forma tão confusa que se de um lado deseja uma conversa de acerto de contas, de outro há algum sentimento alimentando uma esperança de que as coisas possam se acertar de uma forma diferente da de antes.
Quando uma relação entra em crise, razão e emoção invariavelmente se chocam. Sabemos o que fazer, mas não encontramos forças, é mais forte do que nós. Nossa emoção nos mobiliza às vezes totalmente. Sua última questão evidencia isso, quando apesar de tudo o que ele te fez se declara afetivamente vinculado a ele.
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terça-feira, 23 de agosto de 2011

0094 [Artigo] Sexo nos relacionamentos (IV)


O SEXO NOS RELACIONAMENTOS (IV)

Houve um tempo em que o sexo era exclusivamente para a procriação e preservação da espécie. Com tantas mudanças sociais isso se modificou, mas surge um forte apelo ao sexo nas relações, sua conseqüente banalização tendo um aumento na promiscuidade. Apesar de as novas formas de relacionamento favorecerem esse fenômeno, muitos já descobriram que a ausência de compromisso e cumplicidade podem ter desfechos indesejados. Relacionamentos baseados na ideologia do ‘eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também’ já não dão tanto ibope como antes. A cultura que o inventou agora o desinventa. Destaco a frase:  'A sociedade é como um carro em movimento que não pode parar para trocar as rodas'.
'Ficar' já não dá mais tanto ibope
Não há um perfil possível a ser delineado no que diz respeito aos pacientes que se queixam de problemas de natureza sexual. O universo sexual engloba tantas facetas da vida humana que qualquer tentativa nesse sentido seria um reducionismo, para não dizer desastre.
Quando se tem como ferramenta a Psicanálise isso se torna ainda mais difícil. O enfoque dado pelas teorias psicanalíticas não se pauta em diagnósticos como é praxe da medicina. Sabemos de estruturas de personalidades e sabemos que elas se apresentam em nós em graus diferentes, numa direção ou noutra. A complexidade da Psicanálise é um reflexo da complexidade de nossa constituição como seres humanos.

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0094 [Perg/Resp] A família exige muito dele


É verdade que nos casamos com a família do noivo também? Não sei até que ponto nos abrir às famílias. Sei que eu devo apoiá-lo a visitar sempre, mas a família pede mais e começa a pesar nas costas. Como dosar isso sem mágoas? Isso parece egoísmo e não quero brigar com ele, mas vejo que sua família exige demais, não vive sem ele e ele se preocupa! Se fosse a solução até traria morar em casa, mas isso não resolve!
Déia

A família exige muito dele
Com certeza que o equilíbrio deve ser encontrado junto com ele, expondo o que vem sentindo de tudo, mas também sabendo ouvi-lo em seus argumentos. É bom lembrar que você, ao entrar em sua vida, forçosamente provocou mudanças na dinâmica familiar que já funcionava sem você em certo ‘equilíbrio’ (aspas no equilíbrio que é algo questionável).
Fiquei com a impressão que já vivem como casados, e está buscando delimitar seu espaço físico e conjugal no que tange à família dele que parece atravessar ao menos essas duas esferas.
Quanto ao egoísmo, acho prudente frisar que em uma vida a dois, concessões de ambas as partes devem ser feitas, assim como ocorrem mudanças. Pareceu-me estar insegura que sua exigência como companheira afete sua vida familiar. Isso é inevitável! Ele será levado a um novo posicionamento com a família, para que você seja incorporada a ela, e você deve abrir espaços para que a família dele transite, mas preservando o espaço do casal.
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domingo, 21 de agosto de 2011

0093 [Artigo] O Sexo nos Relacionamentos (III)


O SEXO NOS RELACIONAMENTOS (III)

Sem a ditadura a mídia fala do assunto
O sexo sempre foi um dos maiores tabus da humanidade. Uma das mudanças positivas nesses 30 anos foi tornar possível o diálogo entre pais e filhos de assuntos delicados como sexo, drogas, entre outros. O fim da ditadura colaborou para que esses temas, conversados apenas em rodinhas fechadas pudessem ser veiculados pela mídia, incluindo as campanhas preventivas como foi nos anos 80 o caso da AIDS e DSTs em geral. Entendo que o adolescente queira e, principalmente, deva obter informações sobre sexo, que é um assunto que toca essa fase com agudeza.
Uma sociedade globalizada urge que eles se informem sobre o assunto. É uma fase da vida que além de longa e cheia de conflitos, o corpo do adolescente sofre muitas perdas e aquisições em um período relativamente breve.
Certa vez fui perguntado se o falar muito sobre sexo justificaria um conflito entre gerações nos jovens. Não vejo assim. Parece-me refletir mais uma mudança de paradigmas sociais no contexto democrático em que o jovem se forma pessoa em oposição às gerações anteriores que viveram sob a ditadura em que vivíamos a ética do dever, onde a moral dizia-nos o certo e o errado, o que devíamos e o que não devíamos fazer. A mudança de paradigmas nos faz responder pelo nosso desejo, mas isso não se faz sem responsabilidade, o que não é pouca coisa.
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

0093 [Perg/Resp] Diz que me ama mas não esquece o ex


O ex- a chantageou, mas ela diz que me ama
Namorei um ano e meio, ficamos noivos, mas não sentia correspondência e rompi. Idealizei muito. Sofri tanto que tomei antidepressivo, mas mantivemos contato mesmo ela namorando. Sete meses depois nos encontramos e deixou o namorado, mas ele a chantageou e voltou. Depois de dois meses nos falamos novamente. Chorou, disse que me ama, mas não consegue largar dele. Passou o fim de semana comigo, mas há três dias não faz contato. Estou sabendo que está brigando com ele pra ele terminar. Fico ansioso, não sei se fui ingênuo em tentar novamente, se a amo demais. Não consigo me desprender e razão e emoção estão em conflito.
Aldo, 20.
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Não consegue se desprender. A questão é: deseja isso? Não me parece. Apesar de estar ponderando com uma parcela de razão, tem consciência de emoção mobilizada. Veja que coisa: se está ansioso por ela não fazer contato, por outro lado sabe que ela está tentando acertar sua vida com o namorado para talvez entrar para valer nessa segunda tentativa de vocês. Nada mais acertado que dar a ela mais espaço nesse momento para que decida sem afobação. Não é fácil administrar dois relacionamentos juntos, e seu momento é de espera. Mesmo porque não se sabe o que ela decidirá.
É bom lembrar que sua decisão pelo rompimento talvez seja a principal razão de estar enfrentando tudo isso que relata. Tentar compreender os fatos não lhe ajudará com suas emoções. Viver essa experiência sem a garantia que tanto busca pela razão não é fácil, mas nos acrescenta muito.
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terça-feira, 16 de agosto de 2011

0092 [Artigo] Sexo nos Relacionamentos (II)


O SEXO NOS RELACIONAMENTOS (II)
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Passamos da sociedade do dever à sociedade globalizada
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Muitas diferenças entre os relacionamentos atuais com os da época de nossos pais ou avós são fortemente marcadas pelas mudanças de paradigmas de uma sociedade que já foi hierarquizada, vertical, para se tornar horizontal, tribalista. Trinta ou quarenta anos atrás tínhamos ideais comuns: “faça amor, não faça a guerra”, “paz e amor”, “é proibido proibir”, etc., eram bandeiras que nos uniam. A nação, o pai, a mãe, autoridades, eram reconhecidos em sua hierarquia. Era a sociedade do dever, em que todos sabiam como era o agir certo e o errado.
A globalização retirou do pai o lugar de organizador, norteador da vida dos filhos que agora invertem papéis em casa. O tecido social se esgarçou, e o pacto social não é mais respeitado verticalmente. Isso tem reflexos diretos no comportamento sexual.
Ao homem cabia a conquista enquanto a mulher se posicionava como objeto de desejo. Isso mudou, não são mais imposições culturais. O homem que percebe a paquera não se sente na obrigação de ‘mostrar serviço’ e a mulher também começou a ser a conquistadora. O que surge agora não é mais ‘um deve fazer isso e o outro aquilo’, mas sim respondermos por nossa singularidade, nosso desejo. Se ainda no plano da conquista os paradigmas caíram por terra, o momento de intimidade de um casal sofre os mesmos efeitos dessa mudança. E isso é uma enorme diferença entre as duas gerações.
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0092 [Perg/Resp] Casado sentindo atração por homens


É comum um homem sentir atração por outro, mesmo casado?

Henrique, 30.


Concluímos nossa personalidade na adolescência com a aquisição da identidade sexual. A escolha do objeto sexual quase sempre é inconsciente. O meio exerce um papel muito grande nessa escolha. A conduta de nossos pais, a presença/ausência deles é determinante.
Ser casado não exclui nem afirma a escolha homossexual. A escolha pode se dar a contragosto, por faltar alternativa, para não sentirmos-nos excluídos, etc. Se sua escolha foi heterossexual essa atração deve ter uma origem desvinculada do sexual e esses pensamentos tendem a desaparecer. Mas outros fenômenos psíquicos podem estar em jogo e uma análise os desvendariam.
Sou casado e sinto atração por homens
Nossos desejos não são subordinados à moral (certo/errado). Eles buscam a realização, mas tem de se haver com a cultura. Se os conceitos e preconceitos que simbolizamos foram significativos a você, pode estar vivendo crises com raízes na não satisfação de seu desejo sexual, e a moral está determinando uma escolha contrária ao seu desejo.
Despertou-me curiosidade você estranhar as fantasias sendo casado. Desejo não satisfeito é postergado, permanece latente e mais tensão se acumula. O alívio pode se dar pela fantasia, mas a descarga sexual nunca é concomitante à sua fantasia, fomentando ainda mais o desejo de satisfazê-la. Na sociedade atual o que antes era imoral pode ser percebido como normal.
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terça-feira, 2 de agosto de 2011

0091 [Artigo] O Sexo no Relacionamento (I)


O SEXO NO RELACIONAMENTO (I)

- Me diz que me ama? / - Eu te amo!
É grande a importância do sexo nos relacionamentos, mas seu significado muda de um casal para outro, indo de propostas de celibato até o casamento a um enorme espectro de variações. Swing (troca de parceiros entre casais), góticos (o ato sexual ocorre sobre um caixão no túmulo), relações abertas envolvendo até mais que duas pessoas são apenas alguns exemplos de uma multiplicidade de significados. O universo humano é complexo.
Houve um tempo em que as relações amorosas eram seladas com o ato sexual. A mudança de paradigmas da sociedade globalizada mudou valores morais e éticos, e o que era um valor passou a ser um desvalor, dificultando ainda mais uma resposta que o represente de maneira universal.
O sexo já foi a marca de uma relação de cumplicidade e amor entre duas pessoas. Não é mais assim na sociedade atual. No entanto, seu lugar continua especial para quem o vincula ao amor. Como nossa sociedade impõe muita velocidade a tudo, pessoas e ideais são cada vez mais descartáveis. O significado do sexo sofre seus efeitos diretos acompanhando esse pensamento onde tudo deve acontecer em tempo real, sem grandes projetos ou compromissos, não refletindo necessariamente uma relação de cumplicidade, de forma que o sexo existe onde não há um casal propriamente dito. São significados que refletem as mudanças de paradigmas sociais.
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