SEXUALIDADE E CONSUMO NA
TV (IX)
A leitura do adulto sobre a criança
Por Paulo
Roberto Ceccarelli*
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O adulto imprime sua leitura à criança |
A exploração do erotismo banaliza a
sexualidade tratando-a como se fosse igual para todos, ditando regras de
consumo que padronizam o comportamento e performances sexuais. Para quem não
consegue responder a essas imposições perversas existem drogas que corrigem o ‘problema’.
A indústria farmacêutica da “performance sexual” não pára de crescer.
A constituição da sexualidade humana
começa bem antes do nascimento e se relaciona com o lugar que a criança ocupa
no imaginário dos que a acolhem no mundo. Ela marca o sujeito por intensos
movimentos pulsionais, definindo sua expressão, que se dá de forma singular em
cada um.
A resposta que a criança dá às suas excitações
sexuais não corresponde à leitura do adulto. Suas reações, ao surpreendê-la nas
brincadeiras infantis, denunciam isso, e é nesse sentido que a criança é
inocente. Na descoberta e construção imaginário-simbólica do próprio corpo não
existe (ainda) nenhuma razão para se evitar sua exploração libidinal, o que
ocorrerá pela leitura do adulto às brincadeiras – culpa, prazer, proibição,
pecado... – revelando como este viveu o despertar de sua própria sexualidade. Fonte: http://www.ceccarelli.psc.br/
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Paulo Roberto Ceccarelli é Doutor em Psicopatologia Fundamental e
Psicanálise pela Universidade de Paris VII, entre outros títulos de
peso.
P a r a e n v i a r p e r g u n t a s : gobett@tribunatp.com.br