SEXUALIDADE E CONSUMO NA
TV (IV)
Por Paulo
Roberto Ceccarelli*
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A mídia padroniza o desejo |
Os modelos impostos pela mídia,
verdadeiros ditames de conduta, substituem ou eliminam nossa singularidade
(origens, cultura, crenças, valores ético-morais), levando a um empobrecimento
radical da subjetividade.
Modelos coletivos criam ilusões identitárias cuja
manutenção só é possível pela eliminação da circulação do desejo: o sujeito é
transformado em objeto de consumo, e os valores sociais de felicidade em
necessidades narcísicas. Não se medem esforços pela audiência e garantia de
patrocinadores. A organização imaginária onde a publicidade atua é patogênica,
pois dá à imagem uma única interpretação possível.
Se a felicidade é um problema de
economia libidinal, o que é exibido como insígnia de sucesso é uma satisfação
substituta da renúncia pulsional. A mídia opera no psiquismo transformando
qualquer objeto em objeto de necessidade impedindo-o de realizar o desejo, sua
função. É entre a satisfação pulsional e narcisismo que as campanhas publicitárias
vigoram. Baseiam-se no ‘possuindo (consumindo), você "chega lá"’. Sua
perversão se revela numa promessa de completude. Maria Rita Kehl merece
reflexão: “a mídia pode romper o pacto civilizatório na medida em que sugere
que não há limite?”.
*
Paulo Roberto Ceccarelli é Doutor em Psicopatologia Fundamental e
Psicanálise pela Universidade de Paris VII, entre outros títulos de
peso.
P a r a e n v i a r p e r g u n t a s : gobett@tribunatp.com.br
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