terça-feira, 24 de junho de 2008

0012 [ARTIGO] A Família do Terceiro Milênio

A FAMÍLIA DO TERCEIRO MILÊNIO

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Quando falamos sobre a família quase sempre nos referimos à família nuclear, (pai, mãe e filhos), cujo pai é o organizador e de quem aprendemos que a vida é cheia de leis e normas. Essa família está em extinção.
O que se verifica é uma pluralidade de grupos aos quais nos referimos como família. Pais separados que se unem trazendo filhos de ambos os lados, mães que sozinhas educam filhos (opção ou gravidez não planejada), amigos que se unem em um agrupamento ‘familiar’, e por aí vai.
A família no Terceiro Milênio
A autoridade encarnada no pai da família nuclear foi abolida desses novos grupos. Todo tecido social está sofrendo profundas mudanças.
Se compararmos os jovens dos anos 70 com os atuais, é flagrante a distinção. Bandeiras, protestos, ideologias e ideais comuns de luta. Mas o jovem do 3º milênio procura análise porque não sabe o que deseja. A busca de máximo prazer com o mínimo de responsabilidade está trazendo-o ao divã.
Paradoxalmente apesar da facilidade de acesso ao sexo, as relações sem compromisso têm criado problemas a eles. Como vivem momentos sucessivos e evanescentes não é possível um projeto de vida com o/a parceiro/a pela falta de cumplicidade, e sua vida não se organiza.
Nisso o mundo virtual é coerente com a vida do jovem, pois não exige qualquer engajamento ou compromisso, além de derrubar todos os limites vividos no real, como o pudor e a polidez.
Fonte: Revista Veja, 23 de abril de 2008.

P a r a   e n v i a r   p e r g u n t a s : gobett@tribunatp.com.br

0012 [INTERATIVO] Estou perdida no labirinto que criei

Estou cansada de ser boazinha com meus filhos e com os limites do meu marido. Meu filho com problemas mentais é o que me dá menos trabalho; tenho outro filho com transtorno de humor, uma com 38 que pensa ter 15, e outra que resolveu se casar sem pensar que também tenho sonhos. Enfim preciso me encontrar nesse labirinto que eu criei!
Vera, 58, RJ.
 

Perdida num labirinto
 Admitir ser a criadora dos seus labirintos é o primeiro passo para solucioná-los. É claro que essa carga de problemas familiares dificulta achar a solução, mas não a isenta da responsabilidade diante de tudo.
Fiquei me perguntando em que se baseou para supor que sua filha devesse não casar-se agora em prol de seus sonhos. O ônus e o bônus da decisão dela cabem somente a ela, assim como a realização de seus sonhos cabe apenas a você. Mas falta-me informação para se avaliar a situação.
Não é curioso que seu filho com problemas mentais seja o que lhe cause menos trabalho? Em geral é o contrário, mas também não ficou claro que tipo de problema ele tem.
Mas a coisa não para por aí, e você se queixa de cada um de uma forma diferente. Ser boazinha talvez tenha sido seu engano. Não se pode ser bonzinho o tempo todo, precisamos delimitar nosso território para que o outro entenda até que ponto pode ir. Sem isso fará as pessoas pensarem que podem tudo, e o mundo não funciona assim.
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terça-feira, 17 de junho de 2008

0011 [ARTIGO] Medicalizar, Patologizar, Excluir

MEDICALIZAR, PATOLOGIZAR, EXCLUIR


Usa-se medicamento p/ tudo
Nossa sociedade se transformou estruturalmente. Ajudada pela globalização passou a ter uma organização horizontal, tribal, por comunidades. Isso tem reflexos diretos na família e na escola, nossas primeiras experiências em sociedade.
Não podemos contestar a contribuição da neurociência para nosso bem-estar, contudo a medicalização tem tratado problemas de natureza sócio-econômico-cultural com drogas. Para Maria Salum, Doutora em Psicologia e integrante do Núcleo de Saúde do CRP/SP, antidepressivos podem ajudar as pessoas desde que não reduzam o sofrimento psíquico ao ponto de o tornarem crônico.
Para Maria Aparecida Affonso Moysés, Professora Titular da UNICAMP, “o método clínico cresce porque acalma conflitos”. Atribuir a causa de uma dificuldade escolar a uma doença isenta pais, educadores e governos de suas responsabilidades. Numa sociedade imediatista, recorrer a um comprimido é uma idéia altamente tentadora.
Pais e educadores se encontram perdidos diante de problemas dessa nova ordem social e lhes aplicam velhas fórmulas. Antes vivíamos numa sociedade vertical, hierarquizada. Agora horizontalmente organizada precisamos inventar soluções para seus problemas. Em nossa incompetência, “a biologização de questões sociais passou a ser a resposta rotineira para os conflitos sociais”, como afirma Cida Moysés. Os efeitos disso recaem sobre o aluno que acaba sendo o único responsável por toda a situação.

Fonte: Psi Jornal de Psicologia CRP/SP – nº 155 – mar/abr, 2008.
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0011 [INTERATIVO] Fiquei deprimida pela minha paixão

Apaixonei-me por um rapaz e por anos ele foi meu carma. Namorei um amigo dele durante um ano e sete meses, mas descobri que ele me afastou daquele que eu era apaixonada e sofri demais. Já estou sozinha há quase dois anos sem conseguir gostar de ninguém, sem vontade de sair. Estou sem vontade de me arrumar. Tenho medo que meus pais morram, minha irmã se mude de cidade, enfim tenho medo de ficar sozinha. O que eu poderia fazer? Sinto-me muito deprimida.
Rosy
 

Meu namorado me afastou de minha paixão
Não sei que idade tem e nem que idade tinha quando começou seu ‘carma’ com essa paixão, mas o fato é que ainda não o esqueceu. Viveu um namoro sufocando seus sentimentos e com isso negou uma verdade, dificultando atravessá-la.
A descoberta não é algo fácil mesmo, mas deprimir-se revela o quanto ele lhe representa. Mais do que isso, uma incapacidade de superar os problemas que a vida lhe apresenta.
Um dos sinais do deprimido é o sentimento de insegurança; fantasias de morte de pessoas significativas não são raras. Em seu caso específico, o sofrimento vivido a levou a uma conclusão distorcida da realidade, fazendo-a crer numa suposta incapacidade de superação do problema que lhe colocou em depressão e isolamento. Esses sentimentos criaram tais fantasias de perda, seja pela morte, seja por distância.
A solução se encontra dentro de você mesma. Mas é preciso querer encontrá-la. Mesmo que fazendo algum esforço inicial é necessário sair do casulo diversificando as atividades com exercícios físicos, baladas, e muito trabalho.
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terça-feira, 10 de junho de 2008

0010 [ARTIGO] Fobia Social

FOBIA SOCIAL

Para a Associação Psiquiátrica Americana (APA) a fobia social é um medo que gera enorme tensão, medo e desprazer, reconhecidamente como despropositados pela pessoa e acarretam prejuízos à sua vida normal. O indivíduo evita situações sociais com medo da exposição, mesmo com poucas pessoas. As fobias podem ser restritas a: 
Fobia Social
# Comer;
# Falar em público;
# Encontros com o sexo oposto;
# Situações fora do seio familiar;
# Vomitar em público;
# Morte iminente;
# Confrontação olho no olho;
Pessoas com fobia social têm auto-estima baixa, medo de críticas, insegurança e são muito ansiosas. Facilmente apresentam rubor, tremor nas mãos, enjôos, urgência para urinar. Atribuem aos sintomas o valor de causa e não conseqüência do problema.
Há uma confusão entre fobia social e agorafobia. A primeira foi bem caracterizada (medo mais sintomas físicos, restritos a pequenos grupos sociais) cuja dificuldade principal é a exposição frente a outras pessoas. Na agorafobia (medo de espaços abertos, de multidões) a queixa é uma suposta dificuldade de se evadir de onde está para um local seguro. Entrar em lojas, ambientes públicos, viajar sozinho (ônibus, trem ou avião) são evitados.
Nos dois casos surge ansiedade e a busca de isolamento é freqüente, mas as causas do medo têm origens diferentes. Fobias sociais atingem entre 5 a 10% da população.
Fonte: Revista Viver Psicologia, ano 6, nº 68.
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0010 [INTERATIVO] Meu marido adora me humilhar

Meu marido é uma moça de tão educado. Tem um coração de manteiga até que chega alguém em casa e ele começa a falar alto, diz que sou dona da verdade, etc. E se tento enfrentá-lo ele vira mais macho ainda, podendo chegar à agressão física. Mas sem ninguém perto é outra pessoa. Como modificar isso?
Vera/SP, 60.
 

Ele só me humilha c/ gente perto
Na sua descrição fica-me a impressão de haver uma vaidade de seu marido na demonstração de poder sobre você e toda situação. Utiliza-se de você para dizer às pessoas o ‘quão forte’ ele é. Não precisa dizer que esse é o ponto fraco dele.
Uma coisa que você não percebeu é que ele precisa de você e não o contrário. Sem você ele não tem como exercer domínio. E uma relação de domínio depende do dominador e do dominado. Quero dizer com isso que você tem cumprido sua parte, se colocando à serviço dos caprichos dele, e nisso você tem uma enorme responsabilidade.
Vendo por esse ângulo qualquer mudança está em suas mãos. Como? Saindo desse lugar que ocupa na relação com ele quando tem ‘platéia’ (visitas). E me parece ser esse seu grande problema. Será que saberia abandonar uma posição tão cômoda, que rende tanta queixa, apesar de todo sofrimento? Porque nos identificamos com papéis na vida, e o de vítima é um dos mais freqüentes. Abandonar essa posição gera grandes sentimentos de perda, apesar dos ganhos que só avistamos após atravessarmos tais sentimentos.
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terça-feira, 3 de junho de 2008

0009 [ARTIGO] CORPO PARA EXISTIR OU CULTUAR?

CORPO PARA EXISTIR OU CULTUAR?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

(F. Pessoa – Poema em Linha Reta).
O culto ao corpo na sociedade
Um tema assim exige contextualização. Nem todo símbolo de poder é passível de ser oferecido ao olhar do outro: dinheiro, carro, casa; inteligência, felicidade, paz, etc. Mas podemos oferecer nosso corpo, a esse olhar. Ele representa nosso nível de poder num determinado contexto sócio-histórico e é nosso principal capital. Oferecemos o corpo ao olhar do outro na busca de reconhecimento, assim como somos solicitados pelo olhar a reconhecer o outro.
Mas nem sempre foi assim. Freud diz que o contato visual ganhou força na espécie humana no momento que passamos de quadrúpedes à bípedes, quando o olfato era o sentido predominante para o acasalamento. Com a supremacia da visão, o significado do corpo foi se modificando e sendo explorado pela Indústria Cultural – termo emprestado da Teoria Crítica. A maior prova disso na atualidade são os Reality Shows tipo BBB, em que a exposição do corpo é a própria razão de alguns participantes.
A excessiva preocupação com o corpo chega ao ponto de prejudicar a saúde, tal como a anorexia nervosa.
A mídia prega um modo de ser no mundo para o controle e manipulação das massas. O corpo, nosso primeiro universo, passa a ser um meio de manifestação narcísica do ego sob o imperativo da cultura.

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0009 [INTERATIVO] Desânimo e Depressão desde a Infância

Desde criança sinto desânimo. Já procurei psicólogos e psiquiatras, mas os antidepressivos não resolvem. Sempre que saio do serviço fico muito desanimado sem vontade de nada. Às vezes saio com amigos para não ficar em casa, mas não adianta. Ouvi falar em estimulantes para isso. Estou a dois anos na fila para terapia numa faculdade do ES.
Lucas, 25, segurança.

Salta aos olhos esse sentimento lhe acompanhar desde a infância. Há 30 anos a depressão (se é esse o caso) não era tão freqüente como hoje, e em crianças menos ainda. Mas na sociedade globalizada, pós-moderna, ela aparece com muita força e freqüência.
Quanto à sua busca por ajuda profissional, sabemos que a depressão é para a medicina uma doença, mas para a psicanálise um sintoma (exceto raros casos como falta de lítio no organismo). Assim sendo trata-se a doença atacando o sintoma com antidepressivos e estimulantes (neurotransmissores químicos).

Claro que eles ajudam, assim como exercícios físicos freqüentes, caminhadas, etc., estimulam a produção de determinadas substâncias em seu corpo. Mas ainda resta a pergunta: quais são as reais origens desse desânimo? Como ele foi adquirido? O que o manteve até hoje em você?
Para a psicanálise a depressão seria uma covardia moral, uma covardia frente ao desejo tão caro e singular a cada um, muito diferente do que se entende como covardia no senso comum.

P a r a   e n v i a r   p e r g u n t a s : gobett@tribunatp.com.br
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